MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01D7FDA2.17152530" Este documento es una página web de un solo archivo, también conocido como "archivo de almacenamiento web". Si está viendo este mensaje, su explorador o editor no admite archivos de almacenamiento web. Descargue un explorador que admita este tipo de archivos. ------=_NextPart_01D7FDA2.17152530 Content-Location: file:///C:/211C39D3/879-vol-33-num-3.htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="windows-1252"
https://doi.org/10.37815/rte.v33n3.879
Artículos originales
Emp=
reendedorismo so=
cial feminino: Experiências em=
estados
do nordeste brasileiro na perspectiva do desenvolvimento regional
Emprendimiento social femenino: Experiencias en = los estados del noreste brasileño desde la perspectiva del desarrollo regional<= o:p>
Female social entrepreneurship: Experiences in northeastern brazilian states from the perspective of regional
development
Danielle Maria Apolonio Rodrigues<=
/span>1 https://orcid.org/0000-0002-3042-3296,
Giovana Lustoza Serafim1 https://orcid.org/0000-0002-8124-7077, Heline Silva San=
tos1
h=
ttps://orcid.org/0000-0002-3872-8318, Fabiana Pinto de Almeida Bizarria1 https://orcid.org/0000-0001-8365-8593, Flávia Lorenne Sampaio Barbosa1 https://orcid.org/0000-0002-4804-9538
1
daniapolonio@gmail.com, gio.lustoza@hotmail.com, helinessantos@yahoo.com.br, fabiana.almeida.flf@gmail.com, flsbarbosa@ufpi.edu.br
Enviado: 2021/11/09=
span>
Aceptado: 2021/12/22
Publicado: 2021/12/30
Resumo=
Para compreender experiências =
de
empreendedorismo social feminino na perspectiva do desenvolvimento regional=
, a
pesquisa analisa experiências em Estados do Nordeste brasileiro caracteriza=
das
como empreendedorismo social feminino. A pesquisa, de caráter documental e
natureza exploratória, coletou dados de 18 experiências em sites
governamentais. Por meio de tabela comparativa, especificou-se as contribui=
ções
das respectivas ações, possibilitando compreender sua natureza, atores
envolvidos e execução. Dentre as experiências destacam-se as desenvolvidas =
em
unidades prisionais com vistas à ressocialização, em áreas de vulnerabilida=
de
social, com capacitações e incentivo à geração de renda. Considerou-se, tam=
bém,
a demarcação conceitual que abrange o empreendedorismo social feminino e sua
relação com o fomento/estímulo às políticas públicas e o desenvolvimento re=
gional.
Por conseguinte, os resultados evidenciam fragilidades que circundam concep=
ções
do empreendedorismo social feminino, bem como o impacto social e a melhoria=
da
qualidade de vida das experiências. Como insight da pesquisa, depreendeu-se=
os
elementos de relevância teórica e prática do empreendedorismo social femini=
no
como: terceiro setor como mola propulsora dessas ações, articulação em rede=
s,
políticas públicas de fomento/fortalecimento do protagonismo feminino e
inovação social.
Palabras clave: =
span>Desenvolvimento=
span> region=
al, Empreendedorismo feminino=
, Empreendedorismo social.
Resumen
Para comprender las
experiencias de emprendimi=
ento
social femenino desde la perspectiva del desarrollo
regional, la investigación analiza
las experiencias en los es=
tados
del noreste brasileño caracterizados como emprendimiento social femenino=
span>.
La investigación, de carác=
ter
documental y exploratorio, recogió
datos de 18 experiencias=
span> en
sitios web gubernamentales. A través
de una tabla comparativa=
span>,
se concretaron los aportes=
de las respectivas accione=
s,
lo que permitió comprender=
su naturaleza, actores involucrados y ejecución. Entre las experiencia=
s,
destacan las desarrolladas=
en los centros penitenciar=
ios
con miras a la resocializa=
ción,
en áreas de vulnerabilidad=
social, con capacitación e incentivo
a la generación de ingreso=
s.
También se consideró la demarcación conceptual que englo=
ba
el emprendimiento s=
ocial femenino y su relación
con la promoción / estimul=
ación
de políticas públicas y el desarrollo regional. P=
or
tanto, los resultados mues=
tran
debilidades en torno a las concepciones del emprendimiento<=
/span>
social femenino, así como el impacto
social y la mejora en la c=
alidad
de vida de las experiencia=
s.
Como visión de la investig=
ación,
se infirieron los elemento=
s
de relevancia teórica y práctica del emprendimiento
social femenino, tales com=
o:
el tercer sector como motor impulsor de estas acciones, el networking, las políticas públicas para promover / =
fortalecer el protagonismo
femenino y la innovación=
span>
social.
Palabras clave: Desenvo=
lvimento region=
al,
Emprendimiento femenino, Emprendimiento social.
Abstract
To understand experiences of women’s social entrepreneurship from the
perspective of regional development, this research analyzes experiences in
North-eastern Brazilian states characterized as women’s social
entrepreneurship. This research, of a documental and exploratory nature,
collected data from 18 experiences on governmental websites. Through a
comparative table, the contributions of the respective actions were specifi=
ed,
making it possible to understand their nature, the actors involved, and the=
ir
execution. Among the experiences, we highlight those developed in prisons w=
ith
a view to re-socialization, in areas of social vulnerability, with training=
and
incentives for income generation. We also considered the conceptual demarca=
tion
that encompasses women’s social entrepreneurship and its relationship with =
the
promotion/stimulus of public policies and regional development. Therefore, =
the
results show weaknesses that surround conceptions of women’s social
entrepreneurship, as well as the social impact and improvement of the
quality-of-life experiences. As a research insight, the elements of theoret=
ical
and practical relevance of female social entrepreneurship were inferred, su=
ch
as the third sector, the driving force behind these actions, networking, pu=
blic
policies to promote/strengthen female protagonism,
and social innovation.
Keywords: Regional development, Female
entrepreneurship, Social entrepreneurship.
Introdução
O empreendedorismo surge no contexto
capitalista como atividade com mudanças estruturais, com introdução de
inovações, trabalho autônomo e potencial para afetar positivamente o
crescimento econômico (Ludin, 2015).
Entretanto, o empreendedori=
smo na
perspectiva comercial vem sendo discutido no campo social (Leal, Freitas e
Fontenele, 2015), onde o desenvolvimento e a articulação sócio-política
é recoberta pelo escopo da inovação e da tecnologia social (Medeiros et al.,
2017), com nuances da economia de serviços (Khajeheian=
et al. 2017), do crescimento econômico com valor social (Ludin,
2015), da gestão com capacidade de gerir de modo colaborativo o desenvolvim=
ento
local e regional.
Deste feito, o empreendedor=
ismo
social emerge caracterizando-se como possibilidade de apresentar alternativ=
as
para o fomento e a efetivação de políticas públicas em demandas sociais com
incipiente ação do Estado (Pereverzieva & <=
span
class=3DSpellE>Volkov, 2020), alvitrando unir forças e protagonizar =
ação
multifacetada e conjunta dos diversos setores da sociedade.
Destarte, Lavišius,
Bitė e Andenas=
(2020)
pontuam o empreendedorismo social como um elemento propulsor de satisfatório
impacto social nas realidades as quais se apresentam (Galindo-Martín, Castaño-martínez e Méndez-Picazo=
,
2020), com estrutura organizacional de caráter mobilizador (García, Adame e=
Saenz, 2020). Em vista disso, para tratar do empreendedorismo social, deve-se transpor o
entendimento e o mero discurso de missão social, para o devido aprofundamen=
to
das bases estruturantes do fenômeno. (Bruder, 2020).
Deste modo, frente à discus=
são do
empreendedorismo social no campo internacional (Martínez e Monteagudo,
2020) e das experiências apresentadas no Brasil, a exemplo de Xavier et al.
(2014) e Seba e Casagranda=
(2016), dentre outros, o presente trabalho adentra ao campo, tencionando la=
nçar
luzes sobre a relação entre políticas públicas e empreendedorismo social
feminino, com suporte em experiências situadas na Região Nordeste do Brasil=
.
Ao passo que é fundamental
analisar as condições sociais que desencadeiam o empreendedorismo feminino =
(Ribes-giner, et al., 2018), sendo preponderante fomen=
tar
práticas culturais e femininas no empreendedorismo social (Hechavarría
e Brieger, 2020).
No tocante às experiências =
brasileiras
do empreendedorismo social feminino pontuam-se os benefícios individuais e
sociais da ação de mulheres neste campo (Carvalho, 2017), onde busca-se a
satisfação e realização social ao promover o bem-estar social, bem como as
intenções empreendedoras das mulheres envolvidas neste processo (Brazilista, 2020), além da relação da migração femini=
na e
atividade desta modalidade de empreendedorismo (Orr
et al., 2018) como elemento com potencial para transformação social.
Por sua vez, Vaz, Teixeira =
e Olave (2015) discutiram as bases teóricas e as motiva=
ções
propulsoras da participação das mulheres na referida modalidade, haja vista=
a
construção de significados a partir de suas experiências vivenciais,
familiares, educacionais e de solidariedade.
Partindo do alicerce teóric= o do empreendedorismo social, do percurso e experiências do empreendedorismo soc= ial feminino, da relação entre inovação social, desenvolvimento regional, sustentabilidade e sociedade, o presente trabalho intitulado “Empreendedori= smo Social Feminino: Experiências em Estados do Nordeste Brasileiro na Perspect= iva do Desenvolvimento Regional” debruça-se na análise de experiências de empreendedorismo social feminino na Região Nordeste do Brasil. Buscando compreender tais experiências na perspectiva do desenvolvimento regional, da maneira pelo qual se figura o empreendedorismo social nas ações, a relevânc= ia e impacto destas no desenvolvimento regional, bem como sua relação com o estí= mulo às políticas públicas. Ressalte-se que o empreendedorismo feminino vem ganh= ando destaque no cenário brasileiro como um todo, principalmente nos últimos 05 anos, período de tempo utilizado nesta pesquisa,= com guarida em legislações específicas que fomentam tal atividade, que também recebe incentivos do Sebrae e outras entidades (Ribes-= Giner et al. (2018).<= o:p>
Com o resultado espera-se
apresentar um panorama das experiências nordestinas do empreendedorismo soc=
ial
feminino e apresentar proposições, bem como agenda para aprofundamento em
pesquisas futuras.
Com o objetivo de compreender as experiên=
cias
de empreendedorismo social feminino sob a lente do desenvolvimento regional=
, o
presente artigo utilizou-se de metodologia bibliográfica (Marconi &
Lakatos, 2011), pautada em estudo de natureza documental, por meio de estudo
exploratório de abordagem qualitativa (Calado & Ferreira, 2004).
Para May (2004), na abordagem documental é
importante a compreensão a natureza e exploração das fontes, proporcionando=
a
produção de dados e suporte para o registro, ao passo que Beltrão (2011)
apresenta uma visão ampliada do documento para além dos registros escritos,=
com
variadas formas de investigação na coleta de dados, com instrumentos, meios=
e
recorte temporal à compreensão do social, favorecendo a observação do proce=
sso
de maturação e atenção às possíveis inconsistências dos dados (Poupart et al. 2008).
Assim, o trabalho delineou-=
se com
suporte em pesquisa documental de natureza exploratória, onde buscou-se em
sites governamentais e demais veículos de comunicação, aporte acerca de
programas, projetos, decretos, notícias e demais elementos informativos que
apresentassem ações de empreendedorismo social feminino nos Estados do Nord=
este
do Brasil (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio
Grande do Norte e Sergipe).
No processo de coleta e aná=
lise
dos dados procedeu-se nas seguintes etapas: (i) exploração nos sites oficia=
is
dos governos estaduais, (ii) com este aporte aferiu-se as experiências=
do
empreendedorismo social feminino, com atenção aos dados coletados e suas et=
apas
de análise (Fávero e Centenaro, 2019) e às poss=
íveis
“armadilhas” contidas nos dados (Poupart et al.
2008), (iii) na etapa da consolidação dos dados
deu-se o aprofundamento acerca do material, sua credibilidade e apresentação
dos dados por meio de uma tabela comparativa com as experiências encontrada=
s (Poupart et al. 2008), possibilitando a análise de
categorias analíticas previamente definidas nesse estudo, tais como os estu=
dos
de gênero, políticas para mulheres, gênero e trabalho, políticas públicas e
avaliação de políticas públicas, com o objetivo de fundamentar teoricamente
esta pesquisa.
=
Entendendo-se que estes são elementos
relevantes para o campo das ciências sociais, caso do presente trabalho,
alicerçadas no escopo teórico, possibilitando a busca informações factuais a
partir de hipótese de interesse, com compreensão e análise de documentos de
variados tipos (Fávero e Centenaro, 2019).
Por conseguinte, foi realiz=
ada (iiii) a análise dos dados em comparação com o escopo =
teórico
do empreendedorismo social feminino alicerçado no que pontua Pimentel (2005=
) no
tocante ao método de pesquisa documental com potencial de prestar informaçõ=
es
para a sedimentação das práticas sociais. Na análise dos dados considerou-s=
e a
demarcação do estímulo às políticas públicas, a contraposição entre as
concepções conceituais apresentadas sobre empreendedorismo social,
empreendedorismo social feminino, desenvolvimento regional e inovação socia=
l,
discussão das possíveis inconsistências de dados, inexistências de ações ou
distorções na elaboração das experiências e a relevância dos resultados
alcançados, ao passo que apresentou-se proposições, agenda de pesquisa-ação=
e
contribuições acerca do desenvolvimento regional, correlacionando com o
empreendedorismo social feminino.
Apesentar informação sobre =
os
sites de busca, datas aproximadas de busca, critérios de busca, os tipos de
documentos considerados e os documentos que foram selecionados para análise=
e
compõem o que consta no quadro.
Empreendedorismo e Desenvolvimento Regional
O empreendedorismo surge como
alternativa para o desenvolvimento regional e inovação social, onde estes
passam a ser vistos como “tábua de salvação”, frente às desigualdades socia=
is
oriundas do pós-fordismo (Addor e Henriques, 20=
15).
Nesta perspectiva a engrenag=
em
apontada para alavancar potencialidades na construção do desenvolvimento lo=
cal
tem por base o protagonismo, a mobilização democrática/produtiva dos
territórios, suas redes e políticas públicas, onde o sujeito local é
protagonista e o desenvolvimento local emerge de uma construção coletiva.
Nesse contexto, o desafio do=
poder
público é voltar o olhar para as carências locais, na perspectiva de enxerg=
ar
potências e assim desenvolver competências (Adoor e
Henriques,2015). Desse feito, a relação da participação endógena com o poder
público, aliados a estratégias participativas, contribuem com a construção =
de
desenvolvimento local (Addor e Henriques, 2015)=
e o
fomento de políticas públicas (Reynolds, et. al 2005).
Com esta envergadura, Alvear=
(2015)
ressalta a necessidade de se identificar redes como formadoras de ações
coletivas, partindo dos elementos estruturantes da sociedade local para a
consolidação do desenvolvimento regional.
De igual modo, Feng-Wen Chen=
et al.
(2018) discute a influência do empreendedorismo sob a lente do social,
discorrendo sobre as redes de crescimento econômico com suporte na inovação
sustentável, ao passo que Martinez et al. (2015) destaca a inovação social =
como
motor para a criação de empresas sociais, sendo estas resultantes de políti=
cas
públicas e inovação social.
Neste escopo, o empreendedor=
ismo
social feminino é estruturado com base em estudos sobre mulheres empreended=
oras
com características ligadas à personalidade feminina ou a estrutura
sociocultural que abarcam as relações de gênero nas quais estas estão
inseridas, sendo o empreendedorismo feminino uma forte presença de capital
social (Yetim, 2008).
Empreendedorismo Feminino
O empreendedorismo feminino sob a =
ótica do
social é discutido inicialmente a partir das diferenças entre o
empreendedorismo privado e o empreendedorismo social (Brazilista et al., 20=
20),
pontuando as características específicas de cada modelo.
Diante desta discussão, têm-se os
elementos fundamentais do empreendedorismo, sendo o primeiro pautado no mer=
cado
e na lucratividade e o segundo que agrega a ação à problemática social,
buscando benefícios para o bem-estar social (Brazilista et. al, 2020).
Nesta perspectiva, as práticas emp=
reendedoras,
a cultura e o protagonismo feminino convergem para o modo que se dá a
institucionalização da participação de mulheres no empreendedorismo social =
na
realidade local (Hechavarría e Brieger, 2020), posto o papel do capital soc=
ial
(Poon e Naybor, 2012) e o modo organizacional da sociedade.
As experiências com a participação
feminina no empreendedorismo têm sido crescente diante das situações
conflitantes da sociedade e os variados papéis que as mulheres desempenham
(Jonathan e Silva, 2007) e a maneira pelo qual estas se organizam no âmbito=
do
sistema produtivo local (Morales e Ortega, 2011).
Outrossim, as relações sociais,
conhecimento e habilidades são questões correlatas (Palma & Molina, 2016) fundamentais=
para
a inclusão de mulheres no empreendedorismo social, visto que estas apresent=
am
maior engajamento nas práticas sociais (Hechavarría e Brieger, 2020), traze=
ndo
a inovação social do empreendedorismo para o terceiro setor da sociedade (
Brazilista et al., 2020).No contexto mundial as iniciativas de empreendedor=
ismo
social feminino apresentam possibilidades de empoderamento, ao passo que
apontam as dificuldades para a consolidação da ação seja no ambiente rural
(Poon & Naybor, 2012) ou no empresarial urbano (Palma & Molina, 201=
6).
Orr et al. (2018) traz à baila as =
nuances
da migração feminina na mediação da atividade empreendedora social, bem com=
o o
modo pelo qual a governança implica nos fatores que possibilitam ou dificul=
tam
o surgimento das empresas sociais.
Destarte, Tahira et al. (2018) apr=
esenta a
experiência de mulheres nas empresas sociais do Paquistão, configurando este
feito como elemento de luta por igualdade de gênero e autonomia financeira e
social.Coadunando com as proposições de Hechavarría e Brieger (2020) no toc=
ante
a cultura da sociedade de gênero e sua interação na capacidade de criação de
vínculo das mulheres pela coletividade ( Poon e Naybor, 2012) nas empresas
sociais femininas.
De modo semelhante, Ribes-Giner et=
al.
(2018) por sua vez elencou os aspectos econômicos e sociais de gênero e
condições de trabalho que impactam diretamente no empreendedorismo feminino,
pesquisando 29 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE).
No cenário nacional as experiências
femininas do empreendedorismo com a lente da inovação social apresentam
semelhanças com as mencionadas anteriormente, no que se refere a gênero e
empoderamento social.
Para Brazilista et al. (2020), por
exemplo, o fomento do empreendedorismo social feminino na universidade, a
preocupação com o meio social e a busca de alternativas que respondam a
contento as demandas sociais em que as mulheres estão envolvidas, são eleme=
ntos
fundamentais para o empoderamento feminino.
Apontamentos que dialogam diretamente co=
m as
contribuições de Vaz, Teixeira e Olave (2015), referente às motivações pess=
oais
e coletivas das mulheres para a adesão ao empreendedorismo social, bem como=
a
relevante participação das instituições de ensino e dos movimentos sociais =
em
tal institucionalização. Estivalete, Andrade e Costa (2018), apresentam a
inclusão de mulheres no empreendedorismo social e os desafios enfrentados na
inserção do mercado de trabalho formal, oriundos de fatores como a falta de
oportunidade, incipiente formação ou qualificação, sendo esta modalidade de
empreendimento uma possibilidade de inclusão social e trabalhista.
Diante deste contexto, a participa=
ção do
terceiro setor é pontuado no empreendedorismo social como elemento propulso=
r da
execução das ações, posto que a participação da comunidade local e o incent=
ivo
do poder público, por meio de ação conjunta impacta diretamente no processo,
efetivação e sucesso do empreendimento social (Rossoni, Onozato e Harochovs=
ki,
2006).
As proposições dos autores supraci=
tados
coadunam com as pesquisas do IBGE (2019), quando este apresenta que no Bras=
il o
terceiro setor representa cerca de 1% do PIB, aquecendo a economia e sendo
também um elemento primordial na execução de políticas públicas no campo
social, como um braço do Estado, executando o delineamento de ações ou prop=
ondo
iniciativas inovadoras, elementos estes que podem facilmente serem observad=
os
nos empreendimentos sociais, e em especial, nos empreendimentos femininos. =
Nas comunidades, as mulheres=
além de
chefiarem lares, lideram também empreendimentos
geradores de oportunidades a outras mulheres (Jonathan e Silva, 2007), a
exemplo das ONGs, OCIPs, Fundações, dentre outr=
as
categorias, cumprem um papel que o Estado tem abandonado cada vez mais, o de
empoderar a transformação econômica e social das comunidades por meio de um
processo coletivo e plural (Vaz, Teixeira e Olave,
2015). Korosec & Berman (2006) por sua vez
discutem as maneiras nas quais a gestão pública podem=
span>
contribuir no desenvolvimento do empreendedorismo social, com foco no desen=
volvimento
dos programas por meio da conscientização da população e o incentivo na
captação de recursos para a implementação das ações planejadas pelos
empreendedores sociais.
Diante do exposto percebe-se= que o empreendedorismo social feminino tem grande relevância na transformação de vidas, no empoderamento feminino e no fomento de ações de impacto social e desenvolvimento local (Morales e Ortega, 2011).
Resultados
Práticas de Empreendedorismo Social Feminino na = Região Nordeste do Brasil
As situações fáticas encontr=
adas nas
buscas das experiências envolvendo empreendedorismo social feminino nos 09
Estados da região Nordeste Brasileiro foram delimitadas aos últimos 08 anos
(intervalo de 2013 a 2021).
Com este cenário, foi possív=
el
inferir que os projetos voltados a este tipo de empreendedorismo alavancaram
principalmente no ano de 2019, salientando o fato de que alguns Estados pos=
suem
mais iniciativas, como é o caso da Bahia, Maranhão, com destaque para duas
experiências, e o Piauí, do qual quatro experiências foram extraídas.
Outro ponto a ser observado foi o =
público-
alvo beneficiado por tais projetos, em sua maioria composto por mulheres
detentas em processo de ressocialização e também voltados à assistência de
mulheres de baixa renda, inseridas em comunidades.
A Tabela 1 exemplificativa
abaixo descreve um pouco de cada experiência encontrada, seus objetivos,
público-alvo a ser atingido e relevância ou impacto social que provoca no m=
eio
social.
Objetivos, público-alvo a ser atingido e relevância ou impacto social
ESTADO |
NOME DA EXPERIÊNCIA |
OBJETIVO |
PÚBLICO-ALVO |
RELEVÂNCIA/IMPACTO |
ALAGOAS |
Projeto Quedes (2021) |
Estimular o empreendedorismo local, especialmente
entre as mulheres- mães da comunidade, e a constante realização de oficin=
as
de aperfeiçoamento profissionalizante. |
-14 mulher=
es- mães
de Maceió |
Estímulo à criação e capacidade de cada uma das
integrantes no ramo do empreendedorismo |
BAHIA |
-Programa Mae Mulheres-Anjo Empreendedoras (2020=
) |
Desenvolvido pelo Centro de Empreendedorismo e
Inovação da UNIFACS com o Programa de Pósgraduação=
span>
em Desenvolvimento Regional e Urbano e a Câmara da Mulher Empresária
(CME/FECOMÉRCIO).=
|
-Mulheres líderes comunitár=
ias de
sete bairros de Salvador e sete bairros de Simões Filho |
Por meio do programa, essas mulheres recebem
capacitações, cursos e mentorias individuais e coletivas sobre aspectos
ligados, por exemplo, a elaboração de projetos, planos de negócios, merca=
do e
inovação. O MAE visa também a formulação e implementação de uma política
pública para apoiar o desenvolvimento do empreendedorismo feminino
comunitário na cidade. |
-Associação Só Cacau (2019) |
-Apoiada pelo Centro Público de Economia Solidár=
ia (Cesol) Litoral Sul, equipamento ligado à Secretaria=
do
Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre),
trabalha com o cacau de forma mais rústica, aprimorando o verdadeiro sabo=
r da
amêndoa e suas propriedades nutricionais e medicinais |
-Grupo é formado por seis mulheres- cidade de
Camacan, no sul da Bahia |
O importante é que todas passaram a ter uma renda
complementar, já que a maioria estava desempregada ou dependia de program=
as
sociais como o Bolsa Família |
|
CEARÁ |
Projeto “M=
ulheres
E Territórios Vivos” (2020) |
- Fortalec=
er novos
modelos de negócio, que possibilitem a inserção laboral de mulheres que s=
ejam
familiares (mães, avós ou parceiras) de jovens assassinados, visando
minimizar sua situação de vulnerabilidade através do empreendedorismo soc=
ial.
Iniciativa é resultado de uma articulação feita no âmbito do Masterplan de Segurança Pública. |
- Mulheres=
que se
encontram em situação de vulnerabilidade, por serem parentes de jovens
assassinados. |
- A inserç=
ão
precoce de adolescentes no mercado de trabalho e indicam que 78% dos jove=
ns
assassinados no Ceará já apresentavam experiência laboral, sendo ela form=
al
ou informal (CCPHA, 2016). Nesse sentido, além da perda afetiva e das
consequências emocionais negativas da morte desses jovens, o impacto resv=
ala
também na subsistência financeira familiar. -Tal impac=
to recai
de forma predominante na mãe da vítima, a qual, majoritariamente, é a
responsável familiar primária, posto que desde 2014 há o crescimento de
famílias monoparentais em que a mãe se constitui como a responsável, conf=
orme
aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no senso de 2014. |
MARANHÃO |
Projeto Da
Cooperativa Social Cuxá – Projeto Desenvolvido Entre As Internas Do Presí=
dio
De Pedrinhas (2020) |
- Oferece =
oficinas
e minicursos em áreas como corte e costura, técnicas de bordados e outros
segmentos com os quais as internas tenham afinidade. |
-100 mulhe=
res
internas do presídio |
-As intern=
as
desenvolverão suas habilidades enquanto cumprem pena e quando terminarem o
processo de ressocialização poderão empreender |
Rede Mulhe=
res Do
Maranhão (Rmm) (2016) |
|
-Formada p=
or mais
de 200 empreendedoras, empreendedores e quebradeiras de coco babaçu, que
encontraram no trabalho coletivo sua fonte de renda |
-Contribui=
no
processo de construção de alternativas para inclusão =
sócio
produtiva de mulheres ex-vendedoras
ambulantes ao longo da estrada de ferro Carajás e extrativistas quebradei=
ras
de coco babaçu. A RMM se estabelece como garantia de sustentabilidade par=
a 15
negócios sociais e 4 grupos de quebradeiras de coco babaçu que a compõem.
Esta iniciativa impacta no desenvolvimento local, contribuindo com a melh=
oria
da qualidade de vida das mulheres e homens pertencentes a rede, através do
incremento da gestão, produção, comercialização e no empoderamento das mesmas. |
|
PIAUÍ |
Projeto Em=
preender
Elas (2021) |
- Ações du=
rante os
meses de março e abril de 2021 que visam despertar o empreendedorismo nas
mulheres em situação de vulnerabilidade social, estimular a autoestima, o
senso de pertencimento, solidariedade e compromisso das participantes, al=
ém
de desenvolver habilidades em vendas, trabalho em equipe, orçamento pesso=
al e
familiar |
-500 piaui=
enses
acima de 18 anos |
-Projeto focado totalmente em mulheres<=
/span>,
principalmente em período de pandemia. visa estimular e
fortalecer os laços existentes no mundo feminino e ajudar mulheres em até 80% do seu desenvolvimento para projetos<=
/span>. |
Projeto (2013) |
-Visa o
empoderamento e a inclusão de mulheres da comunidade no setor produtivo p=
or
meio da utilização sustentável de frutas nativas da região, como o caju e=
o
pequi. - Promoção=
de um
curso de educação ambiental a fim de incentivar a diminuição, a separação=
e o
armazenamento de resíduos em local adequado, abrangendo técnicas de
reciclagem e sustentabilidade. |
- Mulheres=
que
residem na cidade de Palmeirais e público feminino no geral. |
-A produção de bombons caseiros, o - As atividades de =
educação ambiental, permitiram=
que os empreendedores ap=
rimorem
técnicas de desenvolvimento sustentável
por meio de uma <=
span
class=3DSpellE>cartilha desenvolvida <=
span
class=3DSpellE>especificamente para o público da agência. |
|
Programa F=
omento
Mulher (2020) |
- Programa=
de
microcrédito especial para atender empreendedoras, em parceria com a
Coordenadoria de Estado de Políticas para as Mulheres (CEPM) |
-as microempreendedoras individuais (MEI), empresária
individual (EI) ou Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli). A ação contempla também empreendedoras inf=
ormais |
- O programa Fomento Mulhe=
r
vai apoiar os |
|
Projeto De=
fensoras
Populares (2019) |
- Capacita=
ção de
lideranças comunitárias femininas e demais mulheres interessadas, para qu=
e se
transformem em agentes de transformação dentro de suas comunidades. |
- Lideranç=
as
comunitárias e público feminino em geral |
- Busca pelo empoderamento=
dessas mulheres, para q=
ue possam de fato conhecer=
os seus direitos, porque e=
xiste a legislação que protege as mulh=
eres,
mas elas precisam=
saber como ter acesso a essas leis. Durante o c=
urso apresentam-se instrumentos e I=
nstituições,
repassando as noções
sobre garantias para o c=
idadão,
para que essas mulheres<=
/span> possam disseminar o que=
foi apreendido. |
|
PARAÍBA |
Oficina El=
a Pode-
Apoiada Pela Seap (2019) |
-Como util=
izar
ferramentas digitais para empreenderem e sobre a importância de se ter uma
marca digital- Projeto de Ofinas 'Ela Pode'
financiado pela plataforma do Google em parceria com a rede de mulheres
empreendedoras do Estado da Paraiba, que é
executado pela ONG Ações Solidárias. |
-Reeducandas do regime aberto e com livramento condi=
cional
na Penitenciária de Segurança Média Hitler Cantalice=
|
-Abre espaço para q=
ue elas aprendam a criar m=
arca pessoal e usar com eficácia as ferramentas=
digitais. Na palestra <=
span
class=3DSpellE>várias abordagens estão sendo aplicadas <=
span
class=3DSpellE>com o objetivo de dimen=
sionar o
que influencia nas relaç=
ões
de trabalho. |
PERNAMBUCO=
|
Projeto In=
tegração
(2019) |
-Ministrad=
as aulas
de gestão e comportamento, pelo Sebrae e pelo Papo de Universitário, a
iniciativa conta com a parceria da empresa Infa,
que vai ensinar a parte técnica da produção de cosméticos para os
participantes. As orientações servirão de base tanto para aconselhar um
negócio que já existe, quanto para começar um empreendimento do zero. |
-Clube de =
mães-
comunidade do Alto do Refúgio- zona norte de Recife |
-Na comunidade
tem muitas mulheres que são responsáveis por toda renda familiar da casa. Trazer um projeto
de capacitação profissio=
nal
vai ajudar bastan=
te para diminuir a sobrecarga dessas=
span> mulheres e aumentar a renda. |
RIO GRANDE=
DO
NORTE |
Projeto Go=
verno
Cidadão (2019) |
Empoderar =
mulheres
em todas as áreas da sociedade, como caminho para diminuir a desigualdade=
de
gênero. |
- Mulheres=
que
residem no campo |
- O governo do Esta=
do do
Rio Grande do Norte junto com o Banco Mundial=
através de ações de |
SERGIPE |
Projeto |
Projeto de
reinserção social capitaneado pelo Presídio Feminino (Prefem) |
-34 intern=
as da
unidade prisional feminina |
-Por meio de tal |
A reunião dos dados coletado=
s a
partir das experiências desenvolvidas no campo do empreendedorismo social
permitiu visualizar que na maioria dos Estados Nordestinos, há predominânci=
a ao
incentivo do trabalho de mulheres em situação prisional, como forma de
ressocialização das detentas.
Destaca-se neste âmbito o projeto desenv=
olvido
no Maranhão (Projeto da Cooperativa Social Cuxá) desenvolvido com as detent=
as
do Presídio de Pedrinhas de modo que são desenvolvidas atividades de
capacitação e aperfeiçoamento das suas habilidades, sejam artesanais,
atividades voltadas à culinária, artes manuais em geral, o que possibilitar=
á no
futuro uma abertura de mercado para estas mulheres.
Nesse sentido, a ressocializ=
ação
pode-se compreendida como atividade de fomento para o empoderamento, a gera=
ção
de renda e o autoconhecimento destas mulheres como sujeitos do próprio dest=
ino
(Addor e Henriques, 2015).
Porém, as experiências não f=
icam
restritas ao campo prisional. As buscas também apontam para o empreendedori=
smo
voltado ao público feminino de pequenas comunidades no interior de cada Est=
ado
nordestino pesquisado, objetivando maior inserção do público feminino no
cenário empreendedor, correlatando com as proposições de Morales e Ortega
(2011) no tocante às organizações do sistema produtivo local.
Deste modo, as referidas açõ=
es
buscam precipuamente a capacitação de mulheres além do âmbito doméstico
(Jonathan e silva,2007), demonstrando que estas podem empreender e ir além,=
ou
seja, podem desenvolver seu próprio negócio, aumentando sua renda, trazendo
qualidade de vida para si e suas famílias.
O projeto da Associação só Cacau, desenvo=
lvido
no Estado da Bahia, por exemplo, estimula a obtenção de renda complementar =
às
mulheres, ou mesmo permite que as mesmas tragam o
sustento para seus lares, saindo da condição de desempregadas para mantened=
oras
do seu próprio sustento e de suas famílias, ressaltando a figura do
empoderamento feminino, permitindo o protagonismo feminino e a participação=
de
mulheres na realidade local (Hechavarría e
Brieger,2020).
Dentre as experiências encontradas na pre=
sente
análise, percebem-se ações variadas, a exemplo do Projeto Quedes, no estado=
de Alagoas,
que atende mulheres, as estimula e capacita para o empreendedorismo, com vi=
stas
ao desenvolvimento e empreendedorismo local, o que reverbera as pontuações =
de Addor e Henriques (2015), quando este se refere ao
protagonismo local e a mobilização.
Partindo da ideia vista em Addor e Henriques (2015), abordando desenvolvimento como uma construção coletiva, pode-se observar nas experiências de empreendedorismo social feminino, apresentados no Nordeste do Brasil, no que tange a construção de estratégia= s participativas que possibilitam mudanças na vida das comunidades, o que se pode depreender= da experiência do Programa mãe mulheres- anjo empreendedoras (Bahia), da Associação Só Cacau, ligada à Secretaria Municipal de Trabalho do Município= de Camacan (Bahia).
Elementos de identificação territorial, cultura e participação de mulhe=
res
na realidade local ( Hechavarría e Brieger, 2020) fora notada em diversos
projetos, a exemplo do Estado do Ceará, onde
encontrou-se o Projeto “Mulheres e Territórios Vivos”, no projeto “R=
ede
Mulheres do Maranhão” e na APL de Palmeiras ( Piauí).
O primeiro trata-se de uma iniciativa articulada no âmbito do Masterpla=
n de
Segurança Pública, elaborado para o fomento e/ou fortalecimento de modelos =
de
negócios entre mulheres que tenham vínculos com jovens assassinados em bair=
ros
periféricos, alvitrando minimizar a vulnerabilidade social, enquanto que o
segundo atende 200 mulheres quebradeiras de coco babaçu, destacando o traba=
lho
coletivo como fonte de renda e alternativa para inclusão sócio- produtiva
destas mulheres.
O terceiro por sua vez, a APL (Projeto Apl Palmeiras) no município de
Palmeiras ( Piauí), realiza ações de empoderamento e inclusão de mulheres no
setor produtivo por meio de frutas nativas da região, por meio de cursos de
educação ambiental, evidenciando deste modo a produção viva do território (
Addor e Henriques, 2015).
Nota-se que as mulheres protagonizam inúmeras experiências com esse fei=
to,
contribuindo principalmente em condições mais vulneráveis, traçando um lega=
do
de possibilidades de transformação e inovação social ( Brazilista,2020) .
Nas experiências apresentadas na presente pesquisa observam-se ações que
trazem no escopo do empreendedorismo social feminino contribuições relevant=
es
para o empoderamento feminino e a coletividade ( Poon e Naybor, 2012)
evidenciadas pelas capacitações, a exemplo do Projeto Quedes ( Alagoas),
Projeto Defensoras Públicas ( Piauí) e Projeto Integração
Pernambuco).
No que se refere ao desenvolvi=
mento
das habilidades individuais para a geração de renda, percebe-se tais elemen=
tos
no Programa Fomento Mulher, bem como ações de inclusão sócio-produtiva no s=
etor
comercial, como no Projeto Governo Cidadão ( Rio Grande do Norte), e na Ofi=
cina
Ela pode ( Paraíba), onde as habilidades individuais são aprimoradas para a
possibilidade de inclusão no mercado de trabalho.
No que diz respeito ao desenvolvimento e financiamento de projetos, fom=
ento
de atividades culturais e de turismo, o Programa Rede Mulheres Maranhão e no
projeto Empreender Elas ( Piauí) ,
trazem elementos de capacitação e incentivo para além do trabalho de
conscientização cidadã em vista da proteção e garantias de direitos.
Partindo da análise de experiências femininas empreendedoras, geradoras=
de
impacto social nas comunidades, observa-se no terceiro setor a mola propuls=
ora
dessas ações (Rossoni, Onozato e Harochovski, 2006), onde o apoio ao
desenvolvimento feminino nas comunidades, gerado por outras mulheres, têm-se
mostrado como potencial, assemelhando-se às proposições de Vaz, Teixeira e
Olave (2015), onde a formação das redes de apoio ( Alvear, 2015) promovem a=
ções
inovadoras e sustentáveis ( Feng-Wen Chen et al. 2018).
Em face dos achados da pesquisa, as políticas Públicas de fomento e
incentivo ao empreendedorismo social feminino no nordeste brasileiro têm se
mostrado em progresso, posto que a apresentação das experiências, em
particular, no Projeto “Mulheres Territórios Vivos”(Ceará) , Cooperativa So=
cial
Cuxá ( Complexo penitenciário de Pedrinhas/ Maranhão), Programa Mãe
mulheres-anjo empreendedoras ( Bahia), dentre outras, apontam ações governamentais tímidas, c=
om
incentivo ao empreendedorismo de mulheres mediante aporte financeiro e/ou de
capacitação profissional, além da abertura demicrocrédito e cursos ofertados
para facilitar a abertura de negócios ( Programa Fomento Mulher no Piauí).<=
span
style=3D'color:red'>
A política pública é uma das formas de interação e diálogo entre o Esta=
do e
a sociedade civil, transformando diretrizes e princípios norteadores em
iniciativas, normas e procedimentos que (re) constroem a realidade (Bandeir=
a e
Almeida, 2004), neste cenário nota-se que as ações do empreendedorismo soci=
al
feminino no nordeste consolidam-se em áreas de vulnerabilidade social, a
exemplo do projeto desenvolvido com internas do Complexo Penitenciário de
Pedrinhas, com vistas à ressocialização destas e sua posterior inclusão no
mercado de trabalho.
Deste modo, ao pensa-se o desenvolvimento regional como inovação social=
(
Martinez et al. 2015) e em comparação com os dados coletados, observa-se qu=
e o
empreendedorismo social feminino no nordeste traz elementos de protagonismo=
e
emancipação feminina, onde a melhoria da qualidade de vida alicerçada na
economia solidária e sustentável, trazendo a dimensão social do
empreendedorismo.
Por essa visão pode-se mens=
urar
que inovar na gestão pública requer um processo de mudanças, e esta não deve
esbarrar na questão orçamentária e/ou burocrática. Portanto, os desafios da
gestão pública são muitos, perpassando pela implantação situada, monitorame=
nto
e avaliação das inovações para que de forma efetiva possam alcançar osansei=
os
do público alvo ao qual a organização se dirige, trazendo satisfação de suas
necessidades.
Conclusão
Diante do exposto teoricamente e dos dados coletados, nota-se que as
experiências do empreendedorismo social feminino apresenta fragilidades no =
que
se refere a consolidação conceitual do empreendedorismo social, entretanto =
as
ações apresentadas possibilitou a compreensão do modo pelo qual estas se
figuram na sociedade e como contribuem para o desenvolvimento regional.
Nesse sentido, o maior desafio=
que
se impõe à gestão pública é a incorporação de inovação e desenvolvimento lo=
cal
com nuances da participação social, onde os cidadãos devem ser promotores de
intervenções e institucionalização de políticas públicas para uma sociedade
inclusiva, sustentável de fato.
Onde se crie condições para que o direito à qualidade de vida, para o
acesso às políticas públicas, gratuita e de qualidade seja plenamente exerc=
ido
e que sua materialização leve em conta as dimensões territoriais, sociais,
econômicas, culturais e afetivas dos sujeitos, de modo particular, as mulhe=
res
atendidas por políticas públicas deestímulo ao empreendedorismo social femi=
nino
no nordeste.
Pensar o desenvolvimento local é pensar a sinergia entre territórios e
gestão pública. Propor a ampliação da participação da população nas decisões
políticas para que não haja descontinuidade na formulação e execução de
políticas públicas que possam ser propulsoras de desenvolvimento local.
Portanto, é desafio da gestão pública romper com resquícios de práticas
clientelistas e enxergar os territórios como agentes de transformação
endógenas, olhando o local, enxergando potências e potencializando
competências.
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